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As armadilhas do excesso de pensamento positivo

Por Luiz Marins

Pensamento positivoDavid Collinson, professor da Lancaster University Management School, da Inglaterra, publicou na revista Leadership (vol.8 n.2 – May 2012) um inte- ressante artigo chamado ”A Liderança Prozac e os Limites do Pensamento Positivo”. Ele afirma que os excessos da liderança positiva podem fazer com que as pessoas deixem de pensar criticamente e ver a realidade concreta, levando a empresa a tomar decisões erradas.

O autor analisou aproximadamente 200 estudos sobre liderança, pensamento positivo, dinâmica organizacional e reconhece que a habilidade de persuasão é um fator de sucesso na gestão e que o otimismo é um dos mais eficazes métodos de comunicar objetivos e metas.

Entretanto, diz ele, quando há um exagero nessa forma positiva de ver a realidade, pode-se cair no otimismo excessivo, numa ”exuberância irracional da realidade” ou mesmo numa ”tirania do pensamento positivo”. Em síntese, ele diz que ”Líderes Prozac”, como ele denomina, podem acabar acreditando em sua própria narrativa de que tudo está bem e como consequência questionar cada vez menos a verdade e não desejar ouvir qualquer coisa que seja contrária à crença de que tudo vai bem, se isolando cada vez mais – e se distanciando da realidade concreta.

Sempre tentei explicar aos meus leitores e alunos que motivação não é emoção; não é autoajuda. Motivação são os ”motivos”, de ordem lógica, racional, pelos quais eu faço as opções em minha vida e sempre afirmei que o excesso de otimismo com base na emoção e na consciência ingênua, descolada da realidade dos números e dados, é muito perigoso para o processo de tomada de decisão. Sou um fervoroso defensor do entusiasmo e não do otimismo inconsequente.

Entusiasmo significa eu acreditar na minha capacidade de vencer obstáculos através do trabalho, da força, da disciplina, da determinação. Otimismo significa eu acreditar que as coisas darão certo ou mesmo que não existem os problemas que estão, de fato, à minha frente. O otimismo moderado é positivo. O excesso de otimismo é perigoso e pode nos afastar da realidade.

Assim, gostaria que você refletisse e visse se você e sua empresa não estão no caminho da ”melhoria contínua do autoengano”, acreditando que as coisas aconteçam só pelo pensamento positivo em vez da análise, do planejamento e do trabalho diário, comprometido com o sucesso de cada um de seus clientes através da criação de produtos e serviços realmente relevantes para o mercado.

Pense nisso. Sucesso!

Prof. Luiz Marins é antropólogo, professor e consultor de empresas no Brasil e no exterior.